Saudações.
Mês atípico esse junho de 2008.
Primeiro o convite para compartilhar música e agora, para compartilhar idéias.
Antes de tudo quero agradecer pelo convite para participar com vocês desse(s) espaço(s). Honestamente acredito que um completa o outro ( brabera e talo da brabera) de uma forma a se tornar natural, sem os pesos do "politicamente correto" ou do "intelectualmente falando".
Equilíbrio.
Esse deve ser o tom da humanidade nos dias atuais.
Recentemente li na revista "Caros Amigos" uma pequena nota que me chamou a atenção.
O colunista Milton Severiano, que assina a "Enfermaria" (uma coluna de notas rápidas sobre tudo o que dá em sua telha) escreveu assim:
"O filósofo que ensina a escrever
Quando meu pai, ao sair para o trabalho, me via ferrado num livro e, ao voltar, me encontrava ainda ferrado no livro, dizia: "Meu filho, você precisa ruminar. E precisa pôr pra fora também. Se não, engruvinha por dentro. (...) acabo de ler "A Arte de Escrever", de Arthur Schopenhauer (1788-1860), da L&PM Pocket. Divertido à beça. Como é que um nordestino das Alagoas, semi-alfabetizado, dizia o que um alemão ilustrado havia escrito cem anos antes? Na página 128, Shopenhauer escreve que, quando se lê o tempo todo, sem parar, "não se chega à ruminação". Ele condena, não a leitura, mas o excesso. Quem lê as coisas nos livros é um erudito, mas "os promotores da espécie humana são aqueles que as leram diretamente no livro do mundo. A imposição constante do pensamento alheio tira a elasticidade do espírito, como a mola perde a sua pela pressão constante de outro corpo - a metáfora é de Shopenhauer, que de metáforas faz uso a cada passo, e elogia quem sabe criá-las: "A formulação de comparações surpreendentes e ao mesmo tempo apropriadas dá mostras de um entendimento profundo.""
(transcrito de Caros Amigos, ano XII, nº135, junho de 2008, pág.10)
O que quero dizer com isso?
Que ler (ou ouvir música, ou comentar, ou assistir, ou navegar, ou conversar, ou fazer qualquer outra coisa) em excesso faz esse ato perder seu valor.
Ruminar é parar, pensar, compreender e assimilar para poder concordar ou discordar.
Leia, ouça música, assita a filmes, vá ao teatro, pratique esporte, relacione-se, pense, mas nunca em excesso, pois é o "ruminar" que nos acrescenta.
No mais, torno a agradecer pelos convites,
recomendo cada referência citada acima
(inclusive um blog muito bom - http://tragodefilosofia.blogspot.com/ )
e deixo um vídeo no mínimo curioso.
Até mais.
domingo, 29 de junho de 2008
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6 comentários:
HellRaiser,pequeno companheiro!
Há muita verdade, tanto no texto quanto no vídeo.Somos macacos falantes que ainda engatinham rumo a uma consciência maior.Mas só acho que o vicio da leitura deve ser imposta a todos,pois a alienação foi,e ,como diria o bom Metallica,"Fight Fire With Fire".
Essa é a única capacidade,pensar,que pode nos colocar de volta nos trilhos,ou galhos,quando visavamos o bem comum.Nossa existência não se lembra mais como é ,não dividir,mas compartilhar.Não é nossa primeira vez aqui,e muito menos a última.Temos centilhões de anos pra aprender,mas textos como esses mostram que alguns estão evoluindo de um estado de apatia e catarse,mais rápido que outros.E ,pra mim é melhor ainda ,saber que ando do lado deles e que posso manter viva a chama da minha revolução!
Pois você,assim como um grande camarada meu,estão fazendo a de vocês!!
Força,sempre no talo,HellRaiser!!
29 de Junho de 2008 19:13
Amigo Joe,
em nosso tempo de informações digitais traduzidas em bits e enviadas em cabos de fibra-óticas em alta velocidade, obter as informações deixou de ser nosso problema. Porém, ficou mais difícil para nós assimilarmos o que nos chega a cada segundo. Acho que a essência da mensagem é essa: absorver, extrair de cada mensagem o máximo que ela pode nos dar, só mesmo "ruminando-a". Ler é um vício. Ler e a principal arma - seja para mudar de vida ou mudar A vida. Indispensável. Insubstituível. Contudo, assimilar o que lemos faz a diferença entre o simples ato mecânico e de reconhecer palavras e a atividade humana mais complexa - compreender e aplicar o que compreende-se.
Obs.: pode-se substituir o termo "ler" por "ouvir", "assistir" etc, etc..
Obrigado pelo comentário.
Vou dar um exemplo meio chato mas muito verdadeiro desse exemplo.
Quando estava iniciando o estudo de japonês, me deparei com um fenômeno muito interessante e que nunca poderia experimentar se não fosse aprendendo uma escrita diferente.
Passei bastante tempo praticando o reconhecimento das ''letras'' japonesas, até um momento que poderia dizer rapidamente de qual se tratava, e a fazer uma leitura até um pouco fluente (para uma criaça de 5 anos rsrs).
No entanto, quando pegava a caneta para por em prática. Absolutamente NADA saia. Eu digo nada mesmo! Era impressionante como eu havia decorado perfeitamente todas elas, mas, quando fazia a tradução inversa só saia desgosto.
Só superei isso quando treinei exaustivamente de novo, mas dessa vez fazendo o caminho inverso, vendo em português e escrevendo em japonês.
Querendo ou não, o processo de assimilar é separado fisicamente do processo de criar, e o único jeito de dominar completamente um tema é treinando a ambos. Mastigue todos os sociólogos, mas depois cuspa tudo do seu jeito, veja se cheira bem...se não, repita o processo quantas vezes for necessário. Enfim, ruminar, como o esse belo post do Hell destacou.
Isso é especialmente válido para a música! Nada melhor para entender um bom Thrash do que você tambem sacar o violão velho e tentar suas próprias palhetadas! Os sons jamais serão os mesmos depois disso.
Força Sempre!
Amigo Ruptured,
nada como um comentário de alguém com polegar opositor.
Brincadeiras a parte, acho que era exatamente isso que o texto original queria dizer. Enfim, a informação, que hoje sobra nos meios modernos, só se torna conhecimento quando você a utiliza, quando você a põe em prática na sua vida. Senão, torna-se mero "intelectualismo acadêmico".
Aí está a essência do "do it yourself": aplicar aquilo que eles conheciam da forma como eles queriam..
Enfim, há muito mais entre o rock e a filosofia do que imagina nosso tele-encéfalo desenvolvido.
Um abraço.
É isso aí Hell. E já era muito bom discutir isso com o Joe! Agora que temos você está ficando melhor ainda.
Alías, eu e o Joe geralmente trocamos umas idéias loucas no domingo a noite via msn, bem que poderíamos marcar todos uma reunião. Que dizem?
YEAH!!!BABY,YEAH!!!
e TENHO DITO!
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