Em 1998, nós do Movimento Nacional da Luta Antimanicomial, denunciamos através da Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo, 30.000 (Trinta Mil) covas em Cemitério Psiquiátrico Clandestino; covas com cinco a mais esqueletos e outros membros do corpo humano de outros corpos, dentro da Colônia Psiquiátrica do Juqueri, SP. Em 2003 mais de Mil Covas Psiquiátricas na Colônia Psiquiátrica Santana, SC.
Em menos de um século o sistema manicomial brasileiro matou mais de 300.000 (trezentas mil) pessoas e inutilizou numero semelhante. Perfazendo 600.000 (seiscentas mil) vítimas numero suficiente pra classificarmos de: Holocausto Psiquiátrico Brasileiro.

Estamos cansados de saber que os profissionais do Direito, não defendem sempre a busca pela Justiça. Evidencia que as regras do Direito defendem as classes dominantes, ou seja, quem tem dinheiro tem Direto ao Direito. A justiça é cega, já que é cega pode ser manuseada pelo Direito de acordo com inúmeros e os mais variados tipos de interesses. O Direito se prevalece disso, e ao contrário da Justiça que é cega, tem milhares de olhos e centenas de artimanhas.

A história da humanidade tem no seu currículo alguns mártires que se opuseram aos poderosos ditames das diversas verdades criadas e aceitas pelas interpretações das mesquinharias humanas.
Verdades essas, que, por gerações foram aceitas e fazendo parte das culturas dessas sociedades. Esses Preciosos Revolucionários de tais Verdades balançam-nas tentando aniquilar as mesquinharias tidas e aceitas que foram fincadas a qualquer custo
com aval e conivência do comodismo humano. Urgem, como visionários e contestadores, das mais diversificadas situações, tentando colocar luz e solidariedade em questões já concretas e aceitas como únicas.
Verdades, que se tornam até culturas.
A Cultura Manicomial implantada há mais de um século por uma falsa psiquiatria, dona exclusiva das técnicas, experiências e uso exclusivo do saber psiquiátrico? condenou milhares de pacientes a conviverem com os piolhos; as muquiranas; o dormir e viver cagado; o nu psiquiátrico; as doenças da falta de higienes básicas; cubículos; lençóis de força; alas proibidas; eletrochoque; lobotomia; cirurgias e experiências com cobaias humanas; enfim confinou milhões de pessoas durante mais de século como presidiários psiquiátricos e gerando a falta de vida, prevalecendo o Zumbinismo (tradução: Zumbinismo ? Vida do Morto Vivo)!... Essas práticas são responsáveis pelo Holocausto Psiquiátrico Brasileiro.
Esse caos, que insiste em continuar escondido aos olhos de uma sociedade mantida por omissões que protegem do comprometimento; por comodismos e conivências que imperam sobre a busca das soluções.

- Sociedade avalista direta do Holocausto Psiquiátrico Brasileiro e das grandes Fortunas Psiquiátricas Brasileiras.

Nos anos 70, 80 e começo dos anos 90, eram em média de 600.000 (seiscentas mil) internações ano em 453 Chiqueiros Psiquiátricos Brasileiros com média de 15.000 a 20.000 mortes por ano! Governo Militar uniu-se como mão e luva com a psiquiatria brasileira, usando seus Hospitais Psiquiátricos como mais um lugar de inutilização e desaparecimento de brasileiros contrários a Ditadura Militar. Um Bilhão de dólares por ano, roubados dos nossos impostos, em conluio com o governo foram repassados aos Donos dos Hospícios. (Artigo da Revista Veja, São Paulo, 22 fev., 1998, pág. 110).

Em menos de um século o sistema manicomial brasileiro matou mais de 300.000 (trezentas mil) pessoas e inutilizou numero semelhante. Perfazendo 600.000 (seiscentas mil) vítimas numero suficiente pra classificarmos de Holocausto Psiquiátrico Brasileiro. Esta falsa e criminosa Psiquiatria que confina, droga, estupra e mata cometeu crimes jamais vistos em toda a historia da psiquiatria mundial. Dados do Ministério da Saúde.
Ninguém foi responsabilizado, e nem sequer falam em Indenizações Digna a alguma vítima ou familiar. Não existem Indenizações ou Punições Judiciais no Brasil por Erros e Crimes Psiquiátricos.
Às vezes creio que esta profissão de psiquiatra está acima das nossas Leis Constitucionais, e porque não acharmos que acima dos Direitos Humanos, que também se mantem omissos na questão de cobrar responsabilidades e
indenizar as vítimas dessa decantada ?Psiquiatria Moderna?, rótulo este que já ultrapassa os cinqüenta anos.
Quando conseguimos sobreviver aos internamentos dentro desses Chiqueiros Psiquiátricos Brasileiros, nos colocam na sociedade onde sofremos todos os tipos criativos de preconceitos sociais.
Muitos de nós somos condenados como Mendigos Psiquiátricos, e povoamos as ruas de nossas cidades. Ao paciente e ex-paciente psiquiátrico vitima de erros de diagnósticos grosseiros e tratamentos inadequados realizados desleixosamente por médicos psiquiátricos, nos é negado todos os nossos Direitos de Cidadão e nossos Direitos Constitucionais.
Estive internado por três anos e meio (dos 17 anos até quase os 21 anos) pela família que encontrou um cigarro de maconha. Fui submetido a todo o tipo de violência psiquiátrica, inclusive vítima de 21 aplicações de eletroconvulsoterapia, além de coquetéis de medicação. Deixaram seqüelas físicas e emocionais.
Entrei com a primeira Ação Judicial em todo o histórico forense brasileiro, exigindo Indenização por Tortura, Erro Psiquiátrico e Crimes aos meus Direitos de Cidadão, em 13 de maio de 1998. Em maio de 1999, fui condenado a pagar R$ 60.000 (sessenta mil reais) aos médicos psiquiatras que me torturaram e por pouco não me mataram. Estas condenações não devem servir de exemplo para que outros vitimados psiquiátricos se abstenham de seus Direitos Constitucionais, devem sim judicialmente Exigi-los.
A nós vítimas psiquiátricas, por enquanto, só nos sobram o Direito a nada do nada...Até quando eles, os psiquiatras que denigrem e criminalizam esta profissão de cunho altruísta, serão intocáveis perante nossas Leis e nossos Direitos de Cidadão?

Sou um sobrevivente intelectual dos horrores psiquiátricos, mas isso não apaga de minha memória as torturas, humilhações e sofrimentos dentro das quatro instituições psiquiátricas que estive internado.
Essas lembranças, e os preconceitos sociais sempre me acompanharam até o fim de minha existência...Quem tortura esquece, o torturado jamais!

O Judiciário Brasileiro se mantem calados, cegos, mudos, inoperantes até hoje.
Os Erros, Abusos e Crimes Psiquiátricos no Brasil estão Acima das nossas Leis Constitucionais.
Até quando Presidente Luiz Inácio Lula da Silva; Poder Judiciário; Direitos Humanos Nacionais e Internacionais; Sociedade Brasileira; serão todos coniventes e ficarão omissos a esses Crimes Psiquiátricos.
Dividas Sociais já pagas aos presos políticos, e a nós vítimas psiquiátricas, as omissões sociais. Os preconceitos sociais são os mais criativos e cruéis, e os sentimos diariamente. Até ser saudada esta dívida social, não seremos pessoas dignas de nos chamar de cidadão.

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Austregésilo Carrano Bueno.

Escritor, dramaturgo, ator, diretor de teatro e ex-paciente psiquiátrico.
Autor do Livro Canto dos Malditos, que originou o Filme Bicho de Sete Cabeças. É o filme mais premiado da cinematografia brasileira com 53 prêmios sendo 08 prêmios internacionais de cinema;
Representante Nacional dos Usuários (pacientes psiquiátricos) na Reforma Psiquiátrica e na Comissão Intersetorial de Saúde Mental do Ministério da Saúde; Homenageado em 28 de maio de 2003 pelo Ministério da Saúde e
pelo Presidente da Republica Sr. Luiz Inácio Lula da Silva, por sua Luta pela Reforma Psiquiátrica no Brasil.
Membro Ativista do Movimento Nacional da Luta Antimanicomial (MNLA)
Defensor Ferrenho dos Direitos Constitucionais de Indenizações Dignas às Vítimas Psiquiátricas do Brasil.