domingo, 5 de dezembro de 2010

Liberdade de imprensa para todos e já!

“A liberdade de imprensa é uma consequência necessária da soberania do povo como ela é compreendida na América” (Alexis de Tocqueville em "A democracia na América", de 1835).

Saudações.

Divulgar documentos secretos do governo dos EUA, primeiro sobre a agressão no Oriente Médio e, agora, desvendando a arrogância e prepotência da diplomacia dirigida por Hillary Clinton.

Esse foi o crime do portal WikiLeaks.

A solução, como de costume, veio através da calúnia, do uso da força e da coerção de Washington sobre os servidores de Internet.

Para Chomsky "a diplomacia dos EUA não é honesta nem confiável".

Acrescente "hipócrita" a essa definição - ou alguém aí já se esqueceu que no começo deste ano, quando o portal de buscas Google entrou em conflito com o governo da China ao infringir as leis desta nação, a secretária de Estado Hillary Clinton parecia indignada quando pregava a plena liberdade da internet em todo o mundo?

A liberdade de imprensa é uma conquista da democracia moderna. É um princípio que precisa ser defendido pelos trabalhadores e pelos democratas de todas as partes. Nas condições atuais, uma enorme restrição a ela é o domínio da mídia por grandes monopólios, que enredam jornais, revistas, rádio e televisão numa espúria teia de interesses que enlaça governos conservadores e os interesses do grande capital e transformam suas publicações em instrumentos de manipulação política.

Nos EUA localizam-se os principais servidores da internet. Usando a “liberdade de imprensa” no sentido restritivo indicado por Benjamin Franklin (para quem “a liberdade de imprensa é a liberdade de quem tem uma (prensa)”, o governo de Washington confirma ser uma ameaça para a livre manifestação do pensamento e para a liberdade de publicação em todo o mundo.

Subordinar publicações na internet aos interesses geopolíticos dos EUA e para ocultar seus segredos de Estado passa a ser uma nova modalidade de ameaça à democracia que se junta às outras que, de lá, infelicitam o mundo – como as agressões militares, pressões econômicas, restrições políticas etc.

Onde estão os “campeões” da liberdade de imprensa quando o governo de Washingon investe contra a difusão de documentos incômodos?

Esses mesmos “campeões”, quando se trata de governos como os de Hu Jintao, Mahmoud Ahmadinejad, Fidel Castro, Hugo Chávez, Cristina Kirchner, Evo Morales, Lula ou a candidata Dilma Rousseff, são implacáveis defensores da divulgação de qualquer segredo, mesmo aqueles inventados pela própria conspiração midiática. E, quando estes governos se defendem das mentiras e calúnias veiculadas pela mídia patronal, são acusados de ameaçar a liberdade de imprensa. Onde está a SIP (Sociedade Interamericana de Imprensa) e sua afetada indignação quando a restrição à publicação de documentos parte de Washington?

O espaço da liberdade na rede mundial é aquele que caminha junto aos interesses das potências, das elites, das grandes corporações e interesses, ou pelo menos não os confronta diretamente de forma global.
Voltem-se contra esses senhores e tornem-se inimigos públicos número 1 da liberdade, da democracia e dos valores.

Liberdade de imprensa para todos e já!

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