sábado, 29 de janeiro de 2011

Ainda sobre as licenças Creative Commons.


Saudações.
Recebi a dica por email do amigo Casares e fui conferir.
Esclarecedor e, em certo ponto, corroborador da idéia original contida na postagem "Nada é tão simples, Ana!", do Talo! do dia 27/01, o texto "O que está por trás do auê contra Ana de Hollanda?", do http://ladyrasta.com.br, serviu-me para clarear alguns pontos obscuros sobre o caso da ministra e das licenças Creative Commons.

Mantenho minha opnião que diz:

"Ainda é cedo pra fazer qualquer avaliação mas..
..é preciso ficar de olho!"

No mais, recomendo uma leitura atenta do artigo da Lady Rasta e atenção às ramificações, intercessões e desdobramentos do caso.

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Nada é tão simples, Ana!

Saudações.

Ainda é cedo pra fazer qualquer avaliação mas..
..é preciso ficar de olho!

Ana de Hollanda (cantora, compositora, atriz, filha do historiador Sérgio Buarque de Holanda e irmã de Chico Buarque) atual ministra da Cultura, retirou do site do Ministério da Cultura
as licenças Creative Commons (CC).

O que isso quer dizer?

Segundo o Ministério da Cultura, nada porque a própria legislação brasileira já permite a liberação de conteúdo e não há necessidade de o ministério dar destaque a uma iniciativa específica.

Mas para alguns observadores a atitude da ministra sinaliza uma política que pode fortalecer os setores que enxergam a Internet apenas como mais um veículo de comunicação e fonte de lucros, resistindo a aderir à nova visão de democratização dos conteúdos publicados na rede - além de fazer regredir a discussão sobre o software livre e os direitos de reprodução na rede.

Desde 2003 (primeira gestão Lula) o Governo Federal passou a utilizar maciçamente as licenças CC.

A própria presidente Dilma Rousseff manifestou simpatia pela causa do copyleft - além de ter o site de sua campanha publicado em Creative Commons, denotando compromisso com esse formato.

No mesmo dia que a ministra Ana de Hollanda retirou a licença do site do MinC, a ministra do Planejamento, Miriam Belquior, publicou uma normativa que consolida o software livre como a essência do software público que deve ser usada pelo governo, deixando claro o descompasso entre a ministra da Cultura e a política de compartilhamento do governo Dilma.

Vale lembrar que Ana de Hollanda é defensora do modo de arrecadação por meio do Escritório Central de Arrecadação e Distribuição (Ecad), o que a opõe frontalmente ao projeto de renovação do marco legal do setor que está no Congresso.

Vale lembrar também que a própria ministra, em seu site pessoal, disponibiliza vídeos de músicas para as quais não tem autorização, de forma não comercial.

Mais ainda: vale lembrar que Ana de Hollanda ESTÁ ministra,
e nessa condição DEVE cumprir os compromissos assumidos por Dilma Roussef em defesa do bem comum
(letras, artes, folclore e outras formas de expressão da cultura nacional e pelo patrimônio histórico, arqueológico, artístico e cultural do Brasil).

Estamos de olho.

Mais informações aqui.

sábado, 22 de janeiro de 2011

Momento Ciência: do ínfimo ao infinito.


Sem muito o que comentar.
Clique aqui e vá
do ínfimo ao infinito.
(conhecidos até agora)

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Sejam bem-vindos à Nova Era Digital!

Amigos,
em junho de 99 Shawn Fanning apareceu com o Napster, ferramenta online de busca de arquivos em formato MP3, e a história da música nunca mais foi a mesma.

De um lado ficaram a RIAA e os defensores dos direitos sobre a música (entre eles Madonna, Dr. Dre e Metallica). Argumento: sustentabilidade.
Do outro estão a FAC e os que acreditam numa nova relação entre artistas, obras e público na era digital (entre eles Radiohead, Nick Mason, Deftones e Tom Jones). Argumento: equidade.

No meio dessa discussão estamos nós, musicólatras incorrigíveis que crescemos economizando e comprando - muitas vezes $$$ IMPORTANDO $$$ - LPs e CDs que copiávamos em fitas K-7 e doávamos aos amigos.

Hoje nos acusam de ladrões, de piratas, mas se hoje não compramos mais cds sobra-nos mais dinheiro para os shows. Se antes gastávamos, em média, 40, 50 reais (preço médio de um CD) com uma determinada banda num período de 2 anos (tempo médio entre os trabalhos), hoje podemos gastar 100, 200 - muitas vezes mais -
pra assistirmos a uma apresentação ao vivo dos nosso artistas preferidos.

Façam as contas! No final acabamos investindo até mais!

E tem mais: fãs de verdade nunca vão abrir mão de ter um original nas mãos, principalmente se ele vier caprichado, com arte de qualidade, conteúdo diferenciado e, na medida do possível, algo que o diferencie e fidelize o comprador. Sugestões? Descontos na compra de ingressos e merchandising, promoções exclusivas e senhas para acessos a conteúdos exclusivos nas páginas oficiais pra quem tiver uma identificação do disco original, etc.

E não subestimem a força das páginas/blogs na divulgação dos artistas e seus trabalhos, hein! (e vamos parar por aqui porque se formos falar dos artistas com materiais prontos (álbuns independentes) e público estabelecido (vide acessos e downloads) que surgem primeiro na Internet e são, digamos, cooptados pelas gravadoras, então, vai ficar até chato!)

A "Indústria da Música" está preocupada com o dinheiro que não verte mais como antes e não percebe que até o DOWNLOAD está com os dias contados, pois assim que a banda larga for "larga" de verdade (dezenas, centenas de megabit convergendo nos computadores, celulares, videogames, palms, tablets, tvs, rádios etc) ninguém mais vai querer ou precisar "ter" os arquivos.

É inevitável.

Chegou a hora de um novo modelo, que passe longe do "gargalo" imposto pelas gravadoras, distribuidoras e atravessadores em geral.

Sejam bem-vindos à Nova Era Digital!
(texto originalmente postado por BloodyMary em Estranho Mundo de Mary)

sábado, 15 de janeiro de 2011

FC Start e a Partida da Morte.


Saudações.
A década de trinta marcou a popularização do futebol na União Soviética. Dezenas de times se inscreviam em ligas para participar dos torneios locais com seus atletas provenientes dos sindicatos, das polícias (incluindo a Polícia Secreta, NKVD) e do Exército Vermelho. Porém, a temporada de 1941 nunca chegou ao seu fim devido à invasão Nazista. Diversos jogadores, então, tiveram que juntar-se ao exército e seguir para a frente de batalha ou juntar-se à defesa civil municipal. Quando a Wehrmacht, as forças armadas nazistas, tomou Kiev muitos dos jogadores do Dínamo de Kiev acabaram encarcerados em campos de prisioneiros, principalmente em Darnitsa. Os que tiveram sorte e escaparam das doenças, da fome, dos campos de trabalho forçado, dos campos de concentração, das execuções aleatórias e foram categorizados como "inofensivos" acabaram libertados e passaram a integrar a população da Kiev ocupada.
E lá estava Mykola Trusevych, ex-goleiro do Dínamo, que retornou a Kiev após ser liberado do Campo Darnitsa. Frente à nova realidade, trabalhando como faxineiro numa padaria, Trusevych descobriu que o gerente do estabelecimento, Iosif Kordik, torcedor do Dínamo e que obteve o cargo graças à origem alemã, pretendia formar um time de futebol pra disputar a liga local. Trusevych, então, saiu atrás de seus ex-companheiros de esporte com uma dura missão: localizar e convencê-los a participar - já que as ligas eram mantidas pelos nazistas que as usavam pra reintroduzir a normalidade às cidades sitiadas. Trusevych acreditava que jogar poderia ajudar a aumentar a moral da população de Kiev e apresentou esse argumento pros seus colegas. Na primavera de 42 Trusevych já tinha localizado e contatado jogadores suficentes para o scratch: oito jogadores ex-Dínamo (Mykola Trusevych, Mikhail Svyridovskiy, Mykola Korotkykh, Oleksiy Klimenko, Fedir Tyutchev, Mikhail Putistin, Ivan Kuzmenko e Makar Goncharenko) e três ex-Locomotiva de Kiev (Vladimir Balakin, Vasil Sukharev e Mikhail Melnyk).
Nascia o FC Start.
No primeiro ano, vestidos de vermelho, o time disputou diversas partidas contra equipes de soldados das guarnições invasoras e venceu todas. Até que o Flakelf, time da Luftwaffe (força aérea nazista) marcou uma revanche para o dia 09 de agosto de 1942, com presença maciça de policiais e tropas alemãs. O árbitro, um oficial da SS, visitou a equipe soviética em seu vestiário, alertando os futebolistas a jogar dentro das regras e, antes da partida, saudar os oponentes com a saudação nazista. Ao entrar em campo, a Start recusou-se a fazer a saudação nazista para os soldados e oficiais de alta patente reunidos no estádio e jogou pra valer, mesmo sabendo que a vitória teria graves consequências. O jogo violento da Flakelf passava despercebido pela arbitragem que marcou o primeiro tento pros alemães mesmo com o goleiro soviético contundido. Kuzmenko empatou com um chute de fora da área e Goncharenko, driblando toda a defesa nazista, desempatou pro Start. Ainda no primeiro tempo os soviéticos marcaram o terceiro e desceram pros vestiários convictos e com o resultado nas mãos.
Lá encontraram outro oficial da SS que disse aos jogadores que os alemães estavam impressionados com a habilidade do time mas que deveriam entender que não poderiam esperar vencer e que, na verdade, deviam pensar nas consequências caso ganhassem a partida.
Mas era tarde demais e, no segundo tempo, cada equipe marcou dois gols, o suficiente para decretar a vitória dos soviéticos. Mas Klimenko, um dos zagueiros do Start, recebeu a bola, driblou a retaguarda alemã e contornou o goleiro. Então, ao invés de deixá-la cruzar a linha do gol, ele virou-se e chutou a bola de volta ao meio-campo. Sem pestanejar o árbitro apitou o fim da partida - antes mesmo dos 90 minutos de jogo.
Em 16 de agosto, na semana seguinte ao jogo contra os alemães, o Start derrotou outro time, o Rukh, novamente, desta vez por 8 a 0. Foi sua última partida. Pouco tempo depois, todos os jogadores da equipe foram presos e torturados pela Gestapo, sob a alegação de que pertenceriam à NKVD. Um dos presos, Mykola Korotkykh, morreu sob tortura. O restante foi enviado ao campo de trabalho de Syrets, onde Ivan Kuzmenko, Oleksey Klimenko e o goleiro Mykola Trusevich foram executados em fevereiro de 1943. Entre os poucos sobreviventes após a guerra estavam Fedir Tyutchev, Mikhail Sviridovskiy e Makar Goncharenko, que se tornaram os responsáveis por propagar na cultura popular soviética a história de sua partida contra os nazistas.


Fonte:
"The Match of Death: Kiev, 9 August 1942", matéria de James Riordan publicada em Soccer & Society, volume 4, edição 1, março de 2003, págs. 87-93

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Qual é o seu Mercedes?

É por essas e tantas outras que Latuff é o cara!

Saudações.
São Paulo passou a ter a tarifa de ônibus mais cara do país.
O reajuste na capital paulista foi de 11,11% e a passagem foi de R$ 2,70 para R$ 3,00. O percentual de reajuste estipulado pelo prefeito Gilberto Kassab (DEM) supera a inflação da cidade em 2010, que ficou em 5,83%, segundo cálculo da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe).

Segundo Lucas Monteiro, militante do Movimento Passe Livre (MPL) de São Paulo, os reajustes regulares são fruto da lógica deste modelo de transporte vigente em nosso país, em que o usuário paga por um serviço que deveria ser público. “Enquanto o transporte for organizado como um negócio e não como um direito, os aumentos vão ocorrer todo ano”, protesta Monteiro.

Em São Paulo, o MPL têm organizado ações desde novembro de 2010 e realiza nesta semana uma panfletagem para convocar a população para uma manifestação na próxima quinta-feira (13), às 17 hs, em frente ao Teatro Municipal de São Paulo.


segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Razões para não extraditar Battisti.


Razões para não extraditar Battisti.

O Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu, por cinco votos a quatro, pela extradição de Cesare Battisti. Ao mesmo tempo, os ministros, pelo mesmo placar, deixaram a decisão final sobre o destino de Battisti para ser tomada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Cesare Battisti foi condenado na Itália pela suposta participação em ações armadas que resultaram na morte de quatro pessoas. As ações foram comandadas pela organização de extrema-esquerda PAC (Proletários Unidos pelo Comunismo), da qual Battisti era militante.

Ele alega inocência. Diz que não teve participação nas mortes das quais é acusado. E já restou provado que sua condenação foi fruto de um julgamento altamente questionável, no qual seu direito de defesa foi limitado. Preso em 1979, inicialmente foi acusado apenas de participação em ações subversivas, nenhuma delas envolvendo violência. Só em 1988 é que surge a condenação pelos homicídios, a partir da delação premiada de um ex-militante que havia sido acusado pelos homicídios, mas transferiu a culpa para Battisti, sendo assim beneficiado com uma pena menor. Battisti, que estava foragido, foi então julgado à revelia e condenado à prisão perpétua.

Não cabe aqui julgar a culpa ou a inocência de Battisti, muito menos enaltecê-lo como militante de esquerda. Uma parte importante da própria esquerda italiana não nutre nenhuma simpatia por ele e recusou-se a participar dos apelos para que ele não fosse extraditado.

O fato que deve ser levado em conta para defender o refúgio ao escritor é que não há motivos políticos, nem ideológicos, para extraditar Battisti. Pelo contrário, sobram motivos para manter o refúgio e deixá-lo no Brasil.

A começar pelo motivo humanitário: na Itália, Battisti estaria condenado a morrer na cadeia. Como bem lembrou seu advogado, ativistas brasileiros, acusados ou mesmo condenados pelos mesmos atos, foram anistiados. Assim como seus torturadores. "Por que o Brasil deveria abandonar sua tradição humanitária para fazer uma ponta nesse filme e como carrasco? Devemos fazer parte de uma missão de paz. Não somos vingadores mascarados.

Há também muitos motivos políticos para não extraditar Batisti. A tradição da política externa brasileira é de concessão de refúgio a todos aqueles que pedem o benefício ao Brasil por sofrerem perseguição política em seu país. O Brasil já refugiou até figuras nefastas como o ex-ditador paraguaio Alfredo Stroessner, porque não refugiar um ex-ativista de esquerda? Uma segunda razão para não extraditar Battisti é que isso desautorizaria o ministro da Justiça, Tarso Genro, que concedeu o refúgio ao ex-ativista. Terceiro motivo: a extradição legitimaria, para júbilo de Gilmar Mendes, o equívoco do STF que exorbitou de suas funções ao julgar a legalidade do refúgio, que é uma prerrogativa exclusiva do poder executivo e não deveria ter sido alvo de deliberação do Supremo. Por fim, extraditar o ex-ativista seria uma vitória da direita conservadora, tanta a italiana quanto a brasileira, que encaram a extradição de Battisti como um trunfo na luta ideológica contra a esquerda.

Guardadas todas as devidas diferenças históricas e pessoais, a eventual extradição de Battisti inevitavelmente seria comparada com a atitude que o governo Vargas tomou ao entregar para os nazistas a dirigente comunista Olga Benário. O enredo, os pesonagens e as circunstâncias destas duas histórias são completamente diferentes, mas é difícil não estabelecer este paralelo. A extradição de Battisti seria como entregar um troféu ao governo neofascisa de Silvio Berlusconi, o mesmo governo que nos ofendeu, subestimou e tentou humilhar as instituições brasileiras.
Lula não precisa desta mancha em sua biografia.

Antes de se refugiar no Brasil, Battisti passou dez anos no México e 14 anos na França. Constituiu família, teve filhas, sobreviveu como zelador e como escritor de pensamento progressista. Neste período, não se envolveu em nenhuma atividade que pudesse representar qualquer ameaça para a sociedade.

No último dia de seu mandato o presidente Lula decidiu negar a extradição de Battisti.