"Espírito Livre"
"É chamado de espírito livre aquele que pensa de modo diverso do que se esperaria com base em sua procedência, em seu meio, sua posição e função, ou com base nas opiniões que predominam em seu tempo. Ele é a exceção, os espíritos cativos são a regra; estes lhes objetam que seus princípios livres têm origem na ânsia de ser notado ou até mesmo levam à interferência de atos livres, isto é, irreconciliáveis com a moral cativa. Ocasionalmente se diz também que tais espíritos livres derivariam da excentricidade e da excitação mental; mas assim fala a maldade que não acredita ela mesma no que diz e só quer prejudicar: pois geralmente o testemunho da maior qualidade e agudeza intelectual do espírito livre está escrito em seu próprio rosto, de modo tão claro que os espíritos cativos compreendem muito bem. Mas as duas explicações para o livre-pensar são honestas; de fato, muitos espíritos livres se originam de um ou de outro modo. (…) De resto, não é próprio da essência do espírito livre ter opiniões mais corretas, mas sim ter se libertado da tradição, com felicidade ou com fracasso. Normalmente, porém, ele terá do seu lado a verdade, ou pelo menos o espírito da busca da verdade: ele exige razões; os outros, fé”.
(extraído de "Humano, demasiado Humano" (p.157), de Nietzsche.
sábado, 10 de abril de 2010
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