domingo, 21 de setembro de 2008

Permanecer no erro

(clique para ampliar a imagem)

Desenho que apareceu em jornal americano em 1875, contrastando de forma bastante simples, o ''jeito de ficar pobre'' com o ''jeito de ficar rico''. Sendo o primeiro representado por bolhas econômicas (especulação financeira, apostas, loterias públicas), e o segundo com trabalho esforçado, concreto e produtivo, em suma, digno.

Lembrei-me dessa imagem ao ler sobre os planos econômicos para salvar os E.U.A de atual crise financeira. Um desses planos, talvez o maior deles, consiste em o governo comprar 700 bilhões de dólares em ''papéis-podres'' (ações financeiras que, em condições normais, ninguém compraria por que muito provavelmente causarão prejuízos). Isso significa que a União americana (leia-se impostos suados) pagará pelos ''erros'' dos investidores, assumindo o seu prejuízo certo como forma de não afugentá-los.

Se uma crise é resolvida com manobras desse tipo, e não com trabalho e suor, significa que tem algo errado na forma de como o mundo anda funcionando, e que esta certamente contradiz com a sabedoria irrefutável da figura acima, que há mais de um século advertiu, mas que mesmo assim todos permaneceram no erro.

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3 comentários:

Hellraiser disse...

Saudações, Rup.
Belo exemplo de como as coisas acontecem em nossos "tempos modernos". Os capitalistas se opõem ao socialismo por achar que esse intervém demais num ambiente onde quem deve reinar é o mercado. Contudo, sempre que uma dessas bolhas estouras, a crise é "socializada", ou seja, todos pagamos por seus prejuízos. Nessa hora, todo grande capitalista, que se diz liberal, que defende a ausência da interferência do Estado na economia, corre pedir penico aos governos que, por covardia e por não ter se precavido corretamente pra essa situação, lança-se aos bolsos dos contribuintes. É assim nos Eua, é assim aqui, é assim por onde quer que olhemos..
Até mais.

BlackHammet disse...

Ótimo post, e a figura é muito honesta.

Mas falar que o problema da economia americana deve ser solucionado com "trabalho digno, suor.." etc. É no mínimo inocência de sua parte Rup.

O sistema funciona de uma determinada maneira, e as ferramentas e dispositivos utilizadas por ele para enfrentar seus problemas também. A crise americana não é nova, e nem é inédita. O dispositivo para tentar impedi-la ou amenizá-la ja é conhecido. Se não der certo (e provavelmente dará), o máximo que acontecerá é a reorganização e reconstrução do mesmo sistema. Não esperemos mudanças na forma de o mundo encarar a si mesmo, infelizmente.

Ruptured disse...

Não quis dizer isso hammet, problemas financeiros são resolvidos com soluções financeira. E eu concordo quando diz que todo o ''caos'' não resultará em nada mais do que um novo arranjo do sistema, mas sobre as mesmas bases.

O que quis dizer, tem a ver com o fato de que até o mais conservador dos economistas não nega que a matéria só pode ser produzida com a matéria, e que as finanças são apenas um intermediário. Porém, essas crises revelam que o meio intermediário, que deveria ser apenas um acessório para as transações, é muito mais valorizado que o meio físico (suor e trabalho), e isso só pode ocorrer via corrupção da força produtiva, ou seja, ganha-se por especular, não por produzir.

Economia é uma das minhas matérias de maior interesse simplesmente por que quero descobrir algo para provar que isso que estou pensando é por falta e conhecimento. Mas, até então, o mercado financeiro atual é uma cúpula de concentração de renda para mim.

Não queria me prolongar sobre isso, mas realmente não quis passar idéias ''inocentes'' no texto.

Até mais! E valeu pelo comentário.