Saudações.
Na contramão da história
– e pressionada pelo presidente Nicolas Sarkozy, pela indústria do cinema e da música –
a Assembléia Legislativa francesa aprovou no último mês a lei que prevê que o usuário flagrado em “download ilegal” será totalmente desconectado da Internet (mas continuará pagando) por um período que pode chegar a quase dois anos.
A nova lei prevê, ainda, a criação de um “órgão regulador” com poderes de investigação sobre internautas suspeitos e de fazer recomendações de medidas a serem tomadas.
Mesmo se ignorássemos o fato de que os usuários podem facilmente utilizar diversos IP´s diferentes – e até mesmo de outros usuários sem que os mesmos saibam disso – a lei é inócua frente aos usuários de serviços streaming (YouYube, Vimeo etc) e que utilizam wi-fi pois é impossível detectá-los.
Pior ainda:
a “Lei Hadopi”, como é conhecida por lá, fere contundentemente o direito à privacidade e vai contra uma lei da União Européia que impede o Governo de qualquer país daquele continente de cortar a conexão com a Internet de qualquer cidadão.
Só pra finalizar:
e quem será o "senhor vigilante/investigador/juíz" que determinará quem é criminoso e quem não é?!
Sarkozy?!
A primeira-dama Carla Bruni?!
Alguém indicado pela "indústria"?!
Como vemos,
por lá também há quem queira controlar o ciberespaço..
“Liberté, Egalité, Fraternité”
quarta-feira, 23 de setembro de 2009
segunda-feira, 14 de setembro de 2009
Militarização da América Latina.
Texto humildemente baseado no original de Noam Chomsky para o The New York Times.
Em fevereiro de 2009 a Comissão da América Latina para as Drogas e Democracia (CALDD) emitiu sua análise sobre o programa estadunidense “Guerra contra as Drogas”, empreendimento em escala global (ou seja, desconsiderando qualquer tipo de fronteira) impetrada pelo Tio Sam desde o fim da guerra do Vietnã.
A constatação de que essa política de combate às drogas imposta à força é um total fracasso não chegou a surpreender principalmente porque diversos relatórios, estudos e registros anteriores sempre apontaram para a prevenção e o tratamento como melhor solução para o caso.
Mas nada nunca foi revisto nem mudado.
Por que?
Elementar:
porque os motivos por trás da tão falada política de “guerra às drogas” (assim como a “guerra ao terrorismo”) tem outras razões não divulgadas.
Não divulgadas mas facilmente observáveis.
De George Washington à Barack Obama os Estados Unidos nunca se esqueceram de que nasceram como um império e, como tal, têm o dever heróico/patriótico de estabelecer-se como nação motriz do mundo livre moderno.
Tal vocação passa, inevitavelmente, por nós, pobres vizinhos latinoamericanos.
Acostumados ao imperialismo e a intervir em países alheios (basta lembrar das guerras, dos golpes e das ditaduras nas quais as digitais do Tio Sam sempre foram muito visíveis) os nobres ianques viram-se confrontados em seu próprio território no midiático “onze de setembro”.
Mais do que isso:
a “terra das oportunidades” assiste hoje, atônita, aos primeiros passos da América do Sul rumo ao enfrentamento de seus reais problemas, causadores de misérias, sofrimentos e desigualdades, e à integração local, estágio primeiro da verdadeira independência.
E como afirmou, em 1971, o Conselho de Segurança Nacional do então presidente americano Richard Nixon: “a América não pode esperar estabelecer a ordem em qualquer lugar do mundo se os Estados Unidos não podem controlar a América Latina”.
Pouco depois, Salvador Allende foi deposo no Chile.
Diferente, agora, é a resposta da recém-criada “União das Repúblicas Sul-americanas” (UNASUL) que pretende discutir e atuar sem precisar das bênçãos do Tio Sam.
Foi assim com a ratificação total e absoluta da vitória do governo constitucional de Evo Morales no referendo de 2008 (muito à contragosto das elites apoiadas pela Casa Branca) e no susto que o presidente do Equador, Rafael Correa, deu nos americanos quando prometeu determinar o fim do uso da base militar colombiana de Manta pelo governo americano.
E como os EUA reagiram?
Com a reativação da Quarta Frota americana, responsável por “..ações contra o tráfico e cooperações de segurança, interação paramilitar e bilateral e treinamento multinaciona l” no Caribe, América Central e do Sul e cercanias (é o que diz o anúncio oficial);
e com o interesse declarado na utilização das bases militares colombianas.
Sob o discurso de combater o narcotráfico e o terrorismo esconde-se a idéia de fazer da Colômbia um ponto estratégico regional de operações do Pentágono. Em troca, Álvaro Uribe, presidente colombiano, ganha acesso privilegiado a suprimentos militares do governo americano, transformando-se num dos maiores beneficiários da ajuda militar dos EUA, ao lado de Israel e Egito.
Em agosto de 2008 a UNASUL, novamente, reuniu-se na Argentina para discutir as bases militares americanas na Colômbia. Mesmo que os debates e as suspeitas apequenassem-se atrás de tímidas declarações (“..a América do Sul deve ser mantda como terra de paz..”) e instruções (o Conselho de Defesa Sul-Americano deve investigar os objetivos reais das bases) o fato em si já é um marco (nada divulgado por aqui, diga-se de passagem). É verdade que há uma década a ajuda e treinamento militar para oficiais da América Latina, patrocinado pelos EUA, vem aumentando (muitas vezes baseadas em discursos maniqueístas como “combate ao populismo radical” etc) mas há muito não percebíamos os olhos do Grande Irmão do Norte tão fixos sobre nós.
(obs.: não estranhem se a UNASUL passar a ser vilipendiada pela grande mídia.. faz parte do "projeto"..)
Para saber mais:
Conselho Sul-Americano de Defesa discutirá acordo de bases colombianas.
Argentina está preocupada com uso de bases americanas na Colômbia.
Evo Morales quer propor referendo continental sobre bases colombianas.
Lula e Bachelet criticam pacto que libera bases colombianas para EUA.
Lula pede garantias jurídicas para o uso de bases colombianas pelos EUA.
EUA já frequentam bases colombianas, diz embaixador.
Cessão de bases colombianas pode virar guerra, diz Chávez.
"É preciso vigiar o uso das bases colombianas"
"Vinte bases militares norteamericanas pretendem isolar a Venezuela do mundo"
Em fevereiro de 2009 a Comissão da América Latina para as Drogas e Democracia (CALDD) emitiu sua análise sobre o programa estadunidense “Guerra contra as Drogas”, empreendimento em escala global (ou seja, desconsiderando qualquer tipo de fronteira) impetrada pelo Tio Sam desde o fim da guerra do Vietnã.
A constatação de que essa política de combate às drogas imposta à força é um total fracasso não chegou a surpreender principalmente porque diversos relatórios, estudos e registros anteriores sempre apontaram para a prevenção e o tratamento como melhor solução para o caso.
Mas nada nunca foi revisto nem mudado.
Por que?
Elementar:
porque os motivos por trás da tão falada política de “guerra às drogas” (assim como a “guerra ao terrorismo”) tem outras razões não divulgadas.
Não divulgadas mas facilmente observáveis.
De George Washington à Barack Obama os Estados Unidos nunca se esqueceram de que nasceram como um império e, como tal, têm o dever heróico/patriótico de estabelecer-se como nação motriz do mundo livre moderno.
Tal vocação passa, inevitavelmente, por nós, pobres vizinhos latinoamericanos.
Acostumados ao imperialismo e a intervir em países alheios (basta lembrar das guerras, dos golpes e das ditaduras nas quais as digitais do Tio Sam sempre foram muito visíveis) os nobres ianques viram-se confrontados em seu próprio território no midiático “onze de setembro”.
Mais do que isso:
a “terra das oportunidades” assiste hoje, atônita, aos primeiros passos da América do Sul rumo ao enfrentamento de seus reais problemas, causadores de misérias, sofrimentos e desigualdades, e à integração local, estágio primeiro da verdadeira independência.
E como afirmou, em 1971, o Conselho de Segurança Nacional do então presidente americano Richard Nixon: “a América não pode esperar estabelecer a ordem em qualquer lugar do mundo se os Estados Unidos não podem controlar a América Latina”.
Pouco depois, Salvador Allende foi deposo no Chile.
Diferente, agora, é a resposta da recém-criada “União das Repúblicas Sul-americanas” (UNASUL) que pretende discutir e atuar sem precisar das bênçãos do Tio Sam.
Foi assim com a ratificação total e absoluta da vitória do governo constitucional de Evo Morales no referendo de 2008 (muito à contragosto das elites apoiadas pela Casa Branca) e no susto que o presidente do Equador, Rafael Correa, deu nos americanos quando prometeu determinar o fim do uso da base militar colombiana de Manta pelo governo americano.
E como os EUA reagiram?
Com a reativação da Quarta Frota americana, responsável por “..ações contra o tráfico e cooperações de segurança, interação paramilitar e bilateral e treinamento multinaciona l” no Caribe, América Central e do Sul e cercanias (é o que diz o anúncio oficial);
e com o interesse declarado na utilização das bases militares colombianas.
Sob o discurso de combater o narcotráfico e o terrorismo esconde-se a idéia de fazer da Colômbia um ponto estratégico regional de operações do Pentágono. Em troca, Álvaro Uribe, presidente colombiano, ganha acesso privilegiado a suprimentos militares do governo americano, transformando-se num dos maiores beneficiários da ajuda militar dos EUA, ao lado de Israel e Egito.
Em agosto de 2008 a UNASUL, novamente, reuniu-se na Argentina para discutir as bases militares americanas na Colômbia. Mesmo que os debates e as suspeitas apequenassem-se atrás de tímidas declarações (“..a América do Sul deve ser mantda como terra de paz..”) e instruções (o Conselho de Defesa Sul-Americano deve investigar os objetivos reais das bases) o fato em si já é um marco (nada divulgado por aqui, diga-se de passagem). É verdade que há uma década a ajuda e treinamento militar para oficiais da América Latina, patrocinado pelos EUA, vem aumentando (muitas vezes baseadas em discursos maniqueístas como “combate ao populismo radical” etc) mas há muito não percebíamos os olhos do Grande Irmão do Norte tão fixos sobre nós.
(obs.: não estranhem se a UNASUL passar a ser vilipendiada pela grande mídia.. faz parte do "projeto"..)
Para saber mais:
Conselho Sul-Americano de Defesa discutirá acordo de bases colombianas.
Argentina está preocupada com uso de bases americanas na Colômbia.
Evo Morales quer propor referendo continental sobre bases colombianas.
Lula e Bachelet criticam pacto que libera bases colombianas para EUA.
Lula pede garantias jurídicas para o uso de bases colombianas pelos EUA.
EUA já frequentam bases colombianas, diz embaixador.
Cessão de bases colombianas pode virar guerra, diz Chávez.
"É preciso vigiar o uso das bases colombianas"
"Vinte bases militares norteamericanas pretendem isolar a Venezuela do mundo"
segunda-feira, 7 de setembro de 2009
Sexismo e Sociedade
Sexismo
Aprendi recentemente (mas aprendi – antes tarde do que nunca!) que é a Resolução 34/180 da Assembléia Geral das Nações Unidas (ONU), de 18 de dezembro de 1979, que trata da igualdade entre homens e mulheres.
Dentre outras coisas essa Resolução prevê as mesmas condições de orientação profissional e de acesso aos estudos e de obtenção de diplomas em todos os níveis (desde a pré-escola até o nível profissional). Porém, chamou-me a atenção o parágrafo que prefê a “eliminação de qualquer concepção estereotipada dos papéis masculino e feminino em todos os níveis e em todas as formas de ensino mediante o encorajamento à educação mista e a outros tipos de educação que contribuam para alcançar este objetivo e, em particular, mediante a revisão dos livros e programas escolares e adaptação dos métodos pedagógicos”.
Infelizmente não é isso o que vemos.
O sexismo se materializa em nossas escolas, ambiente de formação cada vez mais importante e ao qual nos lançamos cada vez mais cedo, através de simbolismos aparentemente inocentes como as filas “de meninas”, as brincadeiras segmentadas (meninos praticam esporte, meninas brincam com bonecas), nos livros, programas escolares, discursos e nas posturas dos professores que ratificam e encorajam os papéis sociais estereotipados, machocêntrico, e, por extensão, violento, branco e proprietarista.
Dessa forma moldamos nossa sociedade acolhendo as crianças não pelo que elas são mas pelo que esperamos que elas sejam.
Revendo nossos conceitos e nossos programas educacionais estaremos nos prevenindo para que as diferenças entre os sexos não se transformem em desigualdades e injustiças – de quebra, estaremos prevenindo a violência doméstica (de mulheres contra homens e de homens contra mulheres) e a violência social (de todos contra todos, pois o homem aprenderá a desenvolver maneiras mais sensíveis de ver o mundo e a mulher potencializará formas mais ativas de se inserir na vida), chegando, quem sabe, à raiz da violência, monopólio do homem, que vitimiza a ambos.
Educação para ser companheiros, não inimigos potenciais e reais na vida concreta do seu dia-a-dia.
Texto inspirado pelo blog http://sexismonapolitica.wordpress.com/, baseado nas idéias precisas de Wilson Correia (Mestre em Educação e Colunista do Brasil Escola) e dedicado à todas as pessoas que passarem por aqui – homens ou mulheres -, especialmente à minha amiga blogueira solitária, incansável e estranha Bloody Mary.
Até.
Aprendi recentemente (mas aprendi – antes tarde do que nunca!) que é a Resolução 34/180 da Assembléia Geral das Nações Unidas (ONU), de 18 de dezembro de 1979, que trata da igualdade entre homens e mulheres.
Dentre outras coisas essa Resolução prevê as mesmas condições de orientação profissional e de acesso aos estudos e de obtenção de diplomas em todos os níveis (desde a pré-escola até o nível profissional). Porém, chamou-me a atenção o parágrafo que prefê a “eliminação de qualquer concepção estereotipada dos papéis masculino e feminino em todos os níveis e em todas as formas de ensino mediante o encorajamento à educação mista e a outros tipos de educação que contribuam para alcançar este objetivo e, em particular, mediante a revisão dos livros e programas escolares e adaptação dos métodos pedagógicos”.
Infelizmente não é isso o que vemos.
O sexismo se materializa em nossas escolas, ambiente de formação cada vez mais importante e ao qual nos lançamos cada vez mais cedo, através de simbolismos aparentemente inocentes como as filas “de meninas”, as brincadeiras segmentadas (meninos praticam esporte, meninas brincam com bonecas), nos livros, programas escolares, discursos e nas posturas dos professores que ratificam e encorajam os papéis sociais estereotipados, machocêntrico, e, por extensão, violento, branco e proprietarista.
Dessa forma moldamos nossa sociedade acolhendo as crianças não pelo que elas são mas pelo que esperamos que elas sejam.
Revendo nossos conceitos e nossos programas educacionais estaremos nos prevenindo para que as diferenças entre os sexos não se transformem em desigualdades e injustiças – de quebra, estaremos prevenindo a violência doméstica (de mulheres contra homens e de homens contra mulheres) e a violência social (de todos contra todos, pois o homem aprenderá a desenvolver maneiras mais sensíveis de ver o mundo e a mulher potencializará formas mais ativas de se inserir na vida), chegando, quem sabe, à raiz da violência, monopólio do homem, que vitimiza a ambos.
Educação para ser companheiros, não inimigos potenciais e reais na vida concreta do seu dia-a-dia.
Texto inspirado pelo blog http://sexismonapolitica.wordpress.com/, baseado nas idéias precisas de Wilson Correia (Mestre em Educação e Colunista do Brasil Escola) e dedicado à todas as pessoas que passarem por aqui – homens ou mulheres -, especialmente à minha amiga blogueira solitária, incansável e estranha Bloody Mary.
Até.
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