domingo, 15 de março de 2009

"Legado de cinzas – a história da CIA" (Tim Weiner)


Saudações.
Em recente conversa com um amigo, debatendo política internacional, economia e futebol com a mesma profundidade - se é que isso é possível -, debruçamo-nos sobre o livro "Legado de cinzas – a história da CIA", do jornalista jornalista Tim Weiner. Ganhador do prêmio Pulitzer, Weiner nunca foi um esquerdista, o que dá mais peso às suas 741 páginas dedicadas ao fracasso dos Estados Unidos em tentar criar um serviço de inteligência de primeiro nível.

Inteligência é um termo que cobre vários tipos de atuação da CIA: levantamento de informações, com freqüência por métodos ilegais (espionagem, tortura), análise de dados, combate à espionagem estrangeira (contra-inteligência) e operações clandestinas em outros países. O livro de Weiner é uma história muito crítica da CIA com relação a todos esses pontos, mas que enfatiza o último aspecto.

Porém, o que despertou-me a curiosidade foram as seguintes afirmações:

"Durante a década de 1960, em nome do combate ao comunismo chinês, a CIA gastara dezenas de milhões de dólares lançando toneladas de armas de pára-quedas para centenas de guerrilheiros tibetanos que lutavam por seu líder espiritual, Sua Santidade Tenzen Gyasto, o 14º Dalai Lama... A agência criou um campo de treinamento para combatentes tibetanos nas Montanhas Rochosas do Colorado. Pagou um subsídio anual de cerca de US$ 180 mil diretamente ao Dalai Lama, e criou Casas do Tibete em Nova York e Genebra para servirem como embaixadas não-oficiais. O objetivo era manter vivo o sonho de um Tibete livre e, ao mesmo tempo, acossar o Exército Vermelho no oeste da China".

"Em agosto de 1969, a agência requisitou mais US$ 2,5 milhões em apoio aos insurgentes do Tibete, descrevendo o grupo paramilitar de 1.800 homens como ‘uma força que poderia ser empregada com intensidade em caso de hostilidades’ contra a China. ‘Isto representa algum benefício direto para nós?’, perguntou Kissinger. Ele respondeu à sua própria pergunta. Embora os subsídios da CIA ao Dalai Lama tenham continuado, a resistência tibetana foi abandonada".

Nunca fui dos que acreditam que o único interesse nos conflitos do Tibet é a liberdade religiosa. Também sabia que a manipulação da mídia tende, SEMPRE, à demonização do "gigante vermelho" e à beatificação dos que à ele se opõem. Mas nunca tinha lido/ouvido, com tanta convicção, alguém afirmar tais coisas.

Nesse exato momento estou buscando esse livro pelos "sebos virtuais" e, se tudo der certo, volto com novas "novas revelações".
(a repetição aqui é proposital)

Mais informações sobre o livro aqui.

À propósito: nenhuma religião é boa.
Nem ocidental, nem oriental, nem "do MAL".

Até breve.

Um comentário:

Hellraiser disse...

Saudações, Paulão.
Talvez a grande questão para a CIA fosse permanecer imperceptível onde quer que estivesse - e olha que ela estava *e está* em muitos lugares! É uma pena que as pessoas prefiram não pensar sobre isso.