domingo, 2 de outubro de 2011

O que todos querem (e precisam) saber sobre o movimento “Occupy Wall Street”.

Pelo jornalista e escritor Nathan Schneider, do The Nation*.

Quem organiza as ações?
A Adbusters fez a convocação inicial em meados de julho, o grupo US Day of Rage, que existe quase exclusivamente na Internet, também se envolveu e fez quase todo o trabalho inicial de encontros e pelo Twitter. O grupo Anonymous agregou-se no final de agosto. Em campo, quase todo o planejamento é feito pelo pessoal envolvido na Assembleia Geral de NYC, um coletivo horizontal, anônimo, sem chefia, em sistema de consenso, autogerido, com raízes no pensamento anarquista, abraçãndo ativistas, artistas e estudantes. Há comissões e grupos de trabalho que assessoram a Assembleia Geral – de comissão de Comida e Imprensa a grupos de ação direta, segurança e limpeza. Todos são bem-vindos e cada um faz seu trabalho, sempre em coordenação com a Assembleia Geral como um todo. A expectativa e a esperança é que, em resumo, cada indivíduo é capaz de fazer o que sabe e deseja fazer e de tomar decisões e agir como lhe parecer mais certo, com vistas ao bem de todo o grupo.

E o que os manifestantes querem obter?
Ocupar já é uma potente declaração contra a corrupção que Wall Street passou a representar. Democracia direta em ação, acontecendo na praça – e daí pode ou não sair alguma demanda específica. Nesse exato momento a Assembleia Geral está no processo de decidir como poderá resolver a questão de unificar as demandas do movimento. É discussão realmente difícil e interessantíssima. Todos na praça têm seu próprio modo de pensar sobre o que querem ver acontecer - mas também há uma certa coerência entre todas eles. Basicamente busca-se ver em prática o slogan “as pessoas, antes dos lucros” (ver Chomsky) - mas também estão sendo discutidas várias outras questões que vão do fim da pena de morte, ao desmonte do complexo militar industrial, de saúde a preço acessível a políticas de imigração mais benignas. Muitas dessas questões estão conectadas mesmo que a opinião pública - graças às mídias - não consigam enxergar claramente.

Então o que seria um cenário de “vitória” para a ocupação?
Começar a construir uma nova espécie de movimento, fomentar o surgimento de assembleias do tipo que se vê aqui. Ocupações semelhantes a essa começam a brotar em dúzias de outras cidades e países (na Argentina, na Praça Tahrir no Cairo, na Puerta Del Sol em Madrid e em outros pontos dos EUA. Organizadores dessas novas ocupações estão visitando a ocupação em Nova Iorque para aprender com os erros e acertos das ações). A polícia não sai da praça e, sim, houve alguns confrontos muito violentos, mas quanto mais pessoas comuns vierem para cá juntar-se ao movimento – aliando-se a gente famosa e celebridades como Susan Sarandon, Cornel West e Michael Moore – menos provável será que a polícia reprima a ocupação.

Como participar mesmo à distância?
Você pode assistir às transmissões online, distribuir notícias, doar dinheiro, retuitar informes e estimular seus amigos a participar. Pessoas que entendem de máquinas e programas já estão trabalhando como voluntários, para manter no ar as páginas e blogs do movimento e editar vídeos – em coordenação com salas-de-bate-papo IRC e outras mídias sociais. Em breve, as discussões sobre ‘demandas’ do movimento serão feitas também online, além de presencialmente, aqui na praça. Offline, você pode juntar-se a ocupações semelhantes que estão começando ou, se preferir, pode começar sua própria ocupação, onde estiver.

*traduzido pelo Coletivo da Vila Vudu.

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