Saudações.
Recentemente, ao visitar o blog
"Atitude Underground Opinião", do
amigo Paulão, deparei-me com um link,
"DITABRANDA". Curioso, cliquei e fui direcinado para um vídeo do youtube com imagens sobre a ditadura militar brasileira e as barbáries por ela cometida.
Fiquei intrigado pois já tinha ouvido falar em
"Ditabranda" mas não sabia onde.
Mais alguns cliques e eis o que descobri:
- no editorial do dia 17 de fevereiro de 2009 do jornal Folha de S.Paulo "cunhou-se" o termo "ditabranda" para se referir ao regime militar que governou o Brasil entre 1964 e 1985. O termo fazia crer que o "nosso Golpe" foi comparativamente menos violento do que os outros regimes similares na América Latina.
só pra constar: os editoriais são textos de um jornal em que o conteúdo expressa a opinião da empresa, da direção ou da equipe de redação, sem a obrigação de ter alguma imparcialidade ou objetividade.
- no dia 20 de fevereiro, na sessão "Painel do leitor", espaço reservado para que o leitor opine sobre o conteúdo do jornal, foram publicadas, como era de se esperar, dezenas de manifestações contrárias ao "editorial da ditabranda", entre elas as opiniões de Maria Victoria de Mesquita Benevides e Fábio Konder Comparato, acadêmicos com destacado trabalho sobre direitos humanos no Brasil e no exterior.
A resposta da Folha veio como "Nota da Redação":
"A Folha respeita a opinião de leitores que discordam da qualificação aplicada em editorial ao regime militar brasileiro e publica algumas dessas manifestações acima. Quanto aos professores Comparato e Benevides, figuras públicas que até hoje não expressaram repúdio a ditaduras de esquerda, como aquela ainda vigente em Cuba, sua 'indignação' é obviamente cínica e mentirosa."
No dia seguinte mais uma enxurrada de emails e cartas criticando a postura arbitrária e unilateral do jornal. Dessa vez, a "voz da Redação", preferiu calar.
O ombdusman - profissional responsável por fazer auto-crítica do jornal, preferiu apenas dizer que "como religião, time de futebol, convicção ideológica: cada um tem a sua e nenhuma é melhor que outra" e que "resposta da Redação na sexta foge do padrão de cordialidade que julgo essencial o jornal manter com seus leitores".
Lamentável essa postura.
Não bastasse a infeliz comparação, repleta de subjetividade e parcialidade (já que a principal comparação se fazia com Cuba, de Fidel e Venezuela de Hugo Chávez, a resposta mal-criada e irresponsável - já que acusar alguém de "cínico e mentiroso" faz jus a um belo processo - e a covardia de utilizar-se de um dos poucos espaços "anônimos" do jornal para agredir seus próprios leitores apenas por discordarem de suas opiniões, o jornal perdeu uma excelente chance de colocar o tema da violência das ditaduras latinoamericanas em discussão - sempre em bom nível, é claro.
Mais:
a forma autoritária e abusiva da resposta acaba por macular - generalizada e involuntariamente - a honra dos jornalistas, categoria que foi uma das principais vítimas durante o período do golpe militar.
Pra saber um pouco mais sobre o passado
nada glorioso do jornal "Folha de São Paulo"
clique aqui.